Uma das penas mais pesadas aplicada pelo Tribunal do Júri da Comarca de Goioerê, sentenciou a 30 anos de prisão a ré Gislaine de Oliveira acusada da morte da pequena Kemilly da Conceição Gotardo, na época com 2 anos e 6 meses de idade, que morreu por envenenamento, que segundo as peças do processo teria sido ministrado por Gislaine na mamadeira das crianças.
De acordo com exames toxicológico, a morte da criança foi pelo fato de haver ingerido o veneno ministrado na mamadeira. A irmãzinha de Kemilly, Emilly de 1 ano e 6 meses, também ingeriu veneno que teria sido dado pela ré. No entanto, Emily teve maior sorte e sobreviveu.
O júri teve início às 9:00 horas de sexta-feira, 31, e encerrou por volta das 20:00 horas, quando o juiz Christian Palharini leu a sentença, condenando Gislaine de Oliveira a 30 anos de prisão. Os jurados entenderam que o crime foi duplamente qualificado e por motivo torpe, sem qualquer chance das crianças se defenderem e que Gislaine se aproveitou da amizade que tinha com a mãe das crianças Maria Eliane, para praticar o crime, que ocorreu no momento que estava cuidando das duas crianças, para que a mãe de Kemilly e Emilly fosse até o Centro Social Urbano.
PASSOU MAL. O júri foi acompanhado por um bom número de pessoas, a maioria familiares da ré e acadêmicos de Direito. Quando era ouvida pelo Juiz Christian Palharini, a mãe de Kemilly, Maria Eliane da Conceição, tomada pela emoção, sentiu-se mal e precisou ser atendida pelo Samu que a conduziu ao Pronto Atendimento, não mais retornando ao tribunal do júri.
O julgamento foi presidido pelo Dr. Christian Palharini, a acusação ficou a cargo do Promotor Teillor Santana que teve uma brilhante atuação, tanto que os jurados decidiram pela condenação da ré Gislaine a 30 anos. A defesa foi feita pelos advogados Fernando Tonelli e Cristiane Barros.
TORNOZELEIRA. De acordo com determinação contida na sentença, durante o período de apelação que a ré vai ingressar na tentativa de reduzir a pena, ela permanecerá em liberdade mas terá que usar tornozeleira eletrônica, o que se não ocorrer deverá ser recolhida para a penitenciária do Estado.
TRAGÉDIA
O crime pela qual Gislaine foi julgada ocorreu no dia 30 de junho de 2009, no Jardim Universitário na Rua Professor José Luiz M. Costa, 120. Maria Eliane da Conceição, 28 anos, mãe das crianças precisou se deslocar até o Centro Social Urbano, deixando os três filhos – as duas meninas (Kemilly e Emilly) e Rafael de 9 anos – aos cuidados da vizinha, Gislaine Aparecida Oliveira, 21 anos, como aliás, era costume todas as vezes que precisava ir à cidade.
Ao retornar, por volta das 16:30 horas, na casa de Gislaine para buscar os três filhos, percebeu que a filha menor, Emilly, estava passando mal. Imediatamente Maria Elaine saiu em busca de socorro para a filha encaminhando-a ao Pronto Socorro onde ela foi submetida a exames e em seguida uma lavagem estomacal.
Enquanto isso, Gislaine que havia ficado em casa com os outros dois filhos de Maria Elaine percebeu que Kemilly também estava passando mal e providenciou a remoção da criança para o Pronto Socorro.
No entanto, apesar do atendimento que as crianças receberam, Kemilly, de 2 anos e 6 meses, acabou entrando em óbito enquanto que Emilly, depois de receber os primeiros socorros foi removida para Maringá em estado grave conseguindo se recuperar após longo período de tratamento.
VENENO AGRÍCOLA
Na época a Polícia Civil esteve na residência de Gislaine onde recolheu material para exames – inclusive certa quantidade de veneno agrícola que estava em uma garrafa de refrigerante e a bomba de aplicar veneno, que estavam sobre a mesa da cozinha onde Gislaine havia deixado, que segundo ela após aplicar na horta existente no quintal de sua residência, afirmando que após aplicar o veneno ela deixou a bomba e a garrafa sob a mesa e foi tomar banho.
As duas crianças ao deparar com o material sobre a mesa acabou ingerindo o veneno que tirou a vida de uma e deixou a outra gravemente ferida,
AUTUADA
Gislaine Aparecida Oliveira foi atuada por homicídio culposo (sem intenção de matar). Depois de pagar fianças, ela foi liberada. A própria, a mãe das crianças em seu depoimento na época, afirmou que Gislaine sempre cuidou de seus filhos quando precisava se ausentar, bem como afirmou que ela se preocupou em buscar atendimento médico para a filha que faleceu, assim que percebeu que ela estava passando mal.
A Polícia encaminhou para o Instituto de Polícia Técnica de Curitiba o material que teria sido ingerido pela criança, assim como as mamadeiras que foram deixadas na casa pelas mães das crianças.
MUDOU VERSÃO
Ao ser ouvida pela segunda vez na Delegacia de Polícia em junho de 2009, Gislaine apresentou mudanças em relação ao seu primeiro depoimento prestado horas depois da tragédia.
Naquela oportunidade ela afirmou que colocou o veneno sobre a mesa após aplicar veneno na horta. Em seu segundo depoimento, Gislaine afirmou que depois de preparar o veneno colocar na bomba deixou todo o material sobre a mesa da cozinha e foi tomar banho. As crianças, segundo ela encontravam-se no sofá na sala.
Gislaine afirma que permaneceu cerca de 15 minutos no banheiro e que quando saiu as duas meninas ainda estavam no sofá da sala.
Ela afirma que não viu e nem percebeu nada de anormal naquele momento com as crianças e que a bomba e o veneno estavam no mesmo local.
Outra contradição de Gislaine é que no primeiro depoimento ela afirma que aplicou o veneno na horta, mesmo tendo sido orientada pelo marido para que não aplicasse veneno na plantação. No segundo depoimento Gislaine afirma que não passou o veneno na couve mas que apesar de alertada pelo marido “iria passar, porque ele não manda em mim” – disse Gislaine – ao contrário do que havia declarado no primeiro depoimento.
VINGANÇA
No decorrer das investigações surgiu informações de que Gislaine teria praticado o crime contra as duas crianças por vingança, uma vez que teria descoberto que Maria Eliane, mãe das duas crianças, estaria tendo um caso com seu marido, o que acabou não se confirmando.
O velório de Kemilly provocou uma grande comoção no Jardim Universitário (Arquivo Tribuna)