O delegado da Polícia Civil, Paulo Alexandre Freyesleben e Silva, informou que o assassinato de Flávia Godinho Mafra, foi planejado com pelo menos dois meses de antecedência. Ele revelou detalhes sobre o crime, que ocorreu em Canelinha, em coletiva nesta sexta-feira, 28.
No relato, a acusada de 26 anos informou que teria engravidado em outubro, mas perdeu o bebê em janeiro deste ano. Porém, ela não informou aos familiares, inclusive o marido, de 44 anos. Em meados de junho, identificou a amiga grávida e desde então premeditou o crime.
Ela relatou que os familiares não tinham conhecimento do crime, e fingiu que estava grávida durante os últimos meses. O delegado ressalta que serão realizadas diligências para confirmar o possível envolvimento da família no caso.
“O marido está muito nervoso, chora bastante. Porém, nós temos que buscar elementos concretos que o tirem ou coloquem no local do crime”, ressalta.
Ele destaca ainda que a Polícia recebeu a informação de que, apesar do marido negar saber da gravidez falsa, há o depoimento de diversas pessoas que sabiam que a mulher teria sofrido o aborto. Porém, não considera plausível o marido não ter noção desta situação.
“Nós vamos trabalhar na hipótese de que ela possa ter tido auxílio, inclusive o marido será autuado em flagrante, pois a suposta gravidez foi em outubro do ano passado e a história dele levanta dúvidas em relação a participação no crime”, informa Silva.
A acusada alegou ter realizado o homicídio devido à proximidade da gravidez dela e da vítima, e por ser amiga de Flávia. O único objetivo do crime seria ficar com o bebê da vítima. Durante o depoimento, o delegado disse que ela se mostrou extremamente fria, em momento algum demonstrou arrependimento ou culpa em relação ao caso.
Crime premeditado. A acusada informou aos policiais que armou o chá de bebê, dando carona para a vítima até o suposto local do evento. Apesar disso, parou em uma cerâmica abandonada no bairro Galera, dizendo para a vítima que as pessoas estavam chegando no local.
A vítima teria dado as costas para a mulher, que desferiu uma tijolada na cabeça dela. Em seguida, outros golpes, que deixaram a vítima inconsciente. Neste momento, ela pegou o estilete e fez um corte na barriga da vítima, retirando a criança do ventre da mãe. Ela alega que estava sozinha no momento do crime.
Questionado se houve luta corporal, o delegado informou que o resultado do laudo pericial irá explicar se foi o caso. Na cerâmica, o corpo e a arma branca utilizada no crime se encontravam próximo a uma fornalha. O corpo da Flávia foi encontrado pela mãe.
Gestante falsa no hospital. Por volta das 21h da quinta-feira, 27, a Polícia Militar foi acionada por suspeita de lesão corporal a uma criança recém nascida no hospital de Canelinha. No local, foi constatado que havia um bebê com cortes profundos nas costas e lesão em um dos braços. A PM lavrou boletim de ocorrência e seguiu com as atividades normais.
Ela disse para os profissionais de saúde que teria tido o parto na rua. Ainda, que foi auxiliada por moradores, que a levaram até a entrada do condomínio em que reside. A partir daí, foi levada ao hospital de Canelinha.
A criança recebeu atendimento pelos médicos do hospital. A suposta mãe foi atendida por um médico especialista. Ele percebeu de pronto que ela não apresentava indícios de parto recente, o que causou desconfiança da equipe médica.
Nesta sexta-feira, 28, os policiais receberam a informação de que havia uma grávida desaparecida, e o último contato dela teria sido com a suposta gestante que foi ao hospital.
As guarnições fizeram contato com a então suspeita, e diante de uma série de informações foi possível encontrar o corpo na cerâmica abandonada. De volta ao hospital, a Polícia voltou a falar com a suspeita, que confessou o crime.
Prisão e investigação. A autora e o marido seguem presos. Segundo o delegado, eles serão autuados em flagrante por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima em criança. Eles vão ficar à disposição da Justiça.
Questionado se o casal teria passagens pela Polícia, Silva informou que somente por crimes de ameaça. Estes, são considerados de menor potencial ofensivo.
A Polícia Civil deve continuar as diligências para se certificar de que não houve a participação de mais pessoas no crime. “O celular dela está conosco, vamos pedir a autorização de acesso e confirmar se ela realmente tinha outras pessoas em mente para cometer esse crime.”, destaca Silva.
Além disso, a Polícia aguarda os resultados dos laudos periciais, que serão decisivos para comprovar o relato da acusada. O primeiro laudo será o cadavérico, que irá demonstrar a causa da morte.
Posteriormente, o laudo do local do crime queira demonstrar a dinâmica do que aconteceu, “para confirmar se houve ou não luta entre as duas”, comenta o delegado.
O vestido que a mulher usou no crime, nesta quinta-feira, 27, está sendo procurado pelos policiais, pois havia muito sangue, que será comparado que o sangue da vítima. Também será realizado exame de DNA para comprovar que a bebê é filha de Flávia.
No momento, a bebê recém-nascida não corre risco de vida, e encontra-se no hospital infantil aos cuidados do Conselho Tutelar. (tnh1)