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Notícias / Geral Mulher que ficou tetraplégica após comer molho pesto processará feirante que lhe vendeu produto

sexta-feira, 21 julho de 2023.

Foto: Metrópoles

Após receber o diagnóstico raro de botulismo, em janeiro de 2022, uma servidora pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) ficou tetraplégica e, agora, pretende judicializar o caso. Doralice Carneiro, 47 anos, quer processar o feirante que lhe vendeu o molho pesto com a bactéria que gerou a infecção e também o convênio Pró-Saúde, pela cobrança de R$ 400 mil de coparticipação após a internação.

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Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), dados contabilizados a partir de 2002 apontam que o botulismo de Dora foi o 3° caso registrado no DF.

Tudo começou em 25 de janeiro de 2022, quando a servidora começou a sentir uma fraqueza extrema no corpo e a enrolar a língua enquanto estava no trabalho. Achando ser um princípio de AVC, resolveu buscar a emergência de um hospital de Águas Claras.

Ao chegar na unidade de saúde, Doralice desfaleceu em uma cadeira de rodas que estava na recepção. Sem entender o que estava acontecendo, a equipe médica encaminhou a paciente para uma tomografia com contraste. Durante o procedimento, ela sofreu crises de vômito, parou de respirar e acabou sendo intubada.

A hipótese dos médicos era de um AVC de tronco, pois Dora não conseguia movimentar braços e pernas e nem exibir expressões faciais. A servidora ficou 10 meses internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital. Antes do diagnóstico de botulismo, a servidora recebeu o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré, que é uma doença causada por outra bactéria. Esta condição apresenta sintomas como fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas, que se espalham para a parte superior do corpo. Neste caso também é possível ocorrer paralisia.

“Os médicos que me atenderam não estavam preparados para lidar com o botulismo. Eles acham que a doença simplesmente não existe, nenhum dos profissionais que me atendeu durante esse período tinha visto esse tipo de caso. Então, acabei recebendo o tratamento para outra doença durante dois meses”, conta Dora.

Foto: Metrópoles

O diagnóstico de infecção bacteriana grave foi obtido após o parecer de um neurologista. Ao examinar os olhos da paciente e perceber a ausência de reflexo e a pupila dilatada, o médico sugeriu aos colegas que a servidora pública estava com botulismo.

O caso, de acordo com o protocolo padrão, foi comunicado à Vigilância Sanitária do Centro-Oeste, que recolheu amostras de alimentos armazenados na geladeira da mulher. Um molho pesto aberto, uma porção de salmão e restos de atum enlatado foram encaminhados para o laboratório Adolf Lutz, em São Paulo.

Dois meses depois, com Dora ainda internada, o resultado saiu e confirmou a presença de toxina butolínica no molho pesto. Ela havia comprado o produto artesanal em uma feira do DF. Os outros dois alimentos – o salmão e o atum – não deram positivo para a toxina.

Vida financeira

Além dos danos físicos, a servidora está lidando com diversos prejuízos financeiros. Dora deve cerca de R$ 400 mil reais cobrados pelo plano de saúde de coparticipação pelos 10 meses internados na UTI.

“Enquanto eu estava na UTI, começaram a descontar R$ 1.100 do meu salário já no 3° mês de internação, por conta da coparticipação. Isso me fez e ainda faz muita falta. Não recebi nenhum suporte de ninguém durante a minha internação. Não sei nem quantos anos eu levaria para pagar isso, então vou entrar com ações judiciais”, afirma a servidora pública.

Dora também pretende processar o feirante que lhe vendeu o molho pesto contaminado. “Essa pessoa vendeu esse molho o ano inteiro em que estive internada e nunca prestou nenhum apoio a mim”, conta.

Após a doença

Assim que saiu do hospital, Dora ficou três meses na casa da irmã, mas depois voltou a morar sozinha, com seus 3 gatos. Recuperada da tetraplegia, ela ainda passou quase quatro meses com auxílio de um andador e, até hoje, se sente fraca e com muitas dores.

Mesmo com o fim da internação, a luta de Dora continua. Hoje, a mulher segue afastada do trabalho e toma diversos remédios para as dores neuropáticas. Além disso, faz sessões semanais de fisioterapias e passa por vários tratamentos de reabilitação.

“Hoje em dia, eu só consigo andar de Uber, porque não consigo subir num transporte público nem dirigir. Minha carteira vai ter que ser de PCD. Mensalmente tenho gastos absurdos com aplicativos de transporte, porque não tenho condições de utilizar outros meios de locomoção”, relata a servidora.

A mulher também precisa realizar uma cirurgia de catarata, e afirmou que corre risco de ficar cega caso não realize o procedimento. “Os médicos acreditam que o botulismo ou os remédios que tomei durante os meses na UTI podem ter acelerado esse desgaste”, afirma Dora.

Atualmente, Doralice também está trabalhando na conscientização da doença participando de palestras. “Nós precisamos estar mais atentos, os médicos precisam estar cientes que essa doença existe. Estou tentando conscientizar as indústrias alimentares para que tenham mais cuidados e os produtores artesanais ao fabricar um alimento, porque pode ser uma experiência ótima, mas pode levar uma pessoa à morte”, afirma.

“Existem poucos casos de sobreviventes dessa doença no Brasil e eu fui uma delas”, exclama.

Dora Carneiro está realizando uma vaquinha para arcar com os custos das ações judiciais e da cirurgia de catarata.

Metrópoles entrou em contato com o plano de saúde Pró-Saúde, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.

Luta pela sobrevivência

Após 15 dias de internação, os médicos fizeram uma traqueostomia em Doralice e as complicações começaram a surgir. “Tudo parou, menos meu cérebro e coração”, conta.

A servidora vinha sendo alimentada por sonda gástrica e, em um episódio, houve um vazamento que quase provocou uma infecção generalizada. Ela precisou fazer dois meses de hemodiálise, além de passar por quatro transfusões de sangue. Nas dependências do hospital, contraiu, ainda, Covid-19 e uma superbactéria.

Doença bacteriana grave

O botulismo é uma infecção não contagiosa. A bactéria clostridium botulinum, responsável pela contaminação, produz uma toxina que, mesmo se ingerida em pequenas quantidades, pode levar a um envenenamento grave em poucas horas.

O paciente desenvolve a doença após ingerir alimentos contaminados, que são produzidos ou armazenados de forma inadequada. Os mais comuns são conservas vegetais, sobretudo as artesanais, carne e pescados defumados.

Fonte: Metrópoles.

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