A produção de pescados é a mais nova e promissora fronteira de produção de alimentos para o Brasil. Uma proteína nobre, de alta qualidade e a mais desejada pelos consumidores a nível mundial. O futuro da piscicultura brasileira é muito promissor por várias razões:
O pescado é a proteína animal mais consumida e comercializada no mundo. Em 2018, segundo a FAO, 60% de todo o comércio mundial de proteína animal foi pescados, 19% carne bovina, 11% carne de frango e 10% carne suína.
O consumo de pescados a nível mundial continuará crescendo e passará de 20,5 para 21,5 kg/hab/ano em 2030 (FAO, 2020), resultado do aumento da população mundial, da renda e da opção por alimentos mais saudáveis. O consumo interno também voltará a crescer com a retomada do crescimento econômico.
Por outro lado, a produção oriunda da pesca continuará estagnada e a produção cultivada no sudeste asiático, região responsável por 89% da produção aquícola mundial, reduzirá seu ritmo de crescimento por problemas ambientais, disponibilidade de água e insumos para ração. Isto significa que se abrem grandes oportunidades para o Brasil, que tem as melhores condições naturais do mundo para o cultivo e um vasto conhecimento desenvolvido no setor de carnes.
A produção brasileira de peixes cultivados vem crescendo em ritmo superior a média mundial há vários anos e atingiu 758.006 toneladas em 2019. A cadeia da tilápia é a que mais cresce, passando de 132 mil toneladas em 2009 para 432 mil toneladas em 2019 e somos hoje o quarto maior produtor mundial, atrás apenas da China, Indonésia e Egito. A produção de peixes amazônicos também cresce, com destaque para o tambaqui.
Outra razão para o otimismo, é que várias empresas brasileiras passaram a exportar nos últimos dois anos, ampliando nosso mercado e reduzindo a dependência do mercado interno. Em 2019, o crescimento das exportações de peixes foi de 26% e no primeiro trimestre deste ano, 33%. A Copacol dá uma demonstração de competência ao colocar filé fresco de tilápia na gôndola dos supermercados americanos em 48 horas após o abate. Algo surpreendente.
Além disso, o setor está bem mais preparado, temos uma cadeia mais organizada e dinâmica em relação a adoção de novas tecnologias e atração de investimentos. É o caso da indústria de processamento, rações, equipamentos e melhoramento genético. Além de piscicultores que já dominam muito bem as técnicas de produção.
Enfim, vários são os motivos que nos levam a ser otimistas em relação ao futuro da piscicultura brasileira. Porém, temos um longo caminho a percorrer para transformar o Brasil em um grande produtor mundial de pescados. São questões relacionadas ao planejamento de longo prazo, à legislação, à tributação (o caso da necessidade de isenção de PIS/COFINS para ração, a exemplo do frango e do suíno), a linhas de crédito mais acessíveis, maior estímulo ao consumo interno, etc.
Precisamos também acompanhar a rápida transformação no hábito dos consumidores, que estão cada vez mais exigentes em relação à qualidade e origem dos produtos, formas de produção e processamento, bem estar animal, cuidados com o meio ambiente e a vida das pessoas. Enfim, querem produtos rastreados e certificados, transparência, segurança e a certeza de que sua produção gera impactos sociais, ambientais e econômicos positivos. O consumo passa a ter um propósito e o consumidor tem ferramentas para checar tais informações, como é o QR Code. A Copacol está atenta a estes movimentos e indo na direção de oferecer um produto diferenciado, certificado, com fortes benefícios sociais e baixo impacto ambiental.
A Copacol foi a primeira grande cooperativa a entrar na produção de peixes no Brasil, levando para a atividade o modelo de produção do frango. Participei como Ministro da Pesca da inauguração do frigorífico e sou testemunha da evolução e do sucesso da cooperativa, inovando sempre, ampliando a produção, desbravando mercados e viabilizando uma nova alternativa de renda para seus associados. Sou profundo admirador e entusiasta da Copacol. Parabéns à diretoria, aos associados e aos funcionários.