O pequeno riacho que atravessa a cidade de Goioerê tem o nome de Arroio Schimit, em homenagem à família pioneira que carrega esse nome. Na década de 1960, essa família tinha uma fábrica de refrigerantes instalada dentro de um pequeno bosque, onde havia uma nascente. Toda a água utilizada na fabricação das bebidas era retirada dessa fonte.
A água que corria do bosque seguia por um leito, atravessando a cidade. O pequeno riacho recebeu, carinhosamente, o nome de Arroio Schimidt. O riacho tinha vida e faz parte da nossa história.
Dentro do bosque havia um pequeno tanque, uma piscina natural, com água muito limpa, rica em hidrogênio e oxigênio. No verão, a água era fria e deliciosa. Tomei muitos banhos nesse tanque.
Em toda a nossa região, nascentes, rios e reservatórios secaram devido às secas. Nosso pequeno riacho, porém, teima em sobreviver. Já foi considerado morto devido à forte estiagem, e cogitaram soterrá-lo completamente. No entanto, o céu mandou chuvas, e alguém viu filetes de água surgirem no riozinho. Os planos de aterramento foram suspensos, e as águas voltaram a seguir pelo estreito leito.
O que deveria ser motivo de orgulho para a cidade se tornou um fardo. Poucas cidades têm o privilégio de contar com um pequeno riacho atravessando toda a área urbana. No entanto, o destino foi ingrato com o nosso riacho. O descuido e a falta de planejamento, por parte daqueles que deveriam preservá-lo, transformaram-no em um receptor, depósito e transportador de dejetos ao longo do seu curso.
Lixo de toda natureza continua sendo despejado nele de forma indiscriminada. Suas águas, que deveriam ser “limpas” e “claras”, um símbolo do nome Goioerê, tornaram-se um canal de esgoto a céu aberto devido à degradação causada pela negligente ação humana.
Desde a década de 1960, tenho observado que nenhum governante municipal demonstrou interesse pelo Arroio Schimidt. Todos viam o pequeno riacho apenas como um esgoto a céu aberto, quando deveriam tê-lo enxergado como uma preciosidade. Deveriam tê-lo represado para aumentar seu volume de água e criado um imenso lago cortando a cidade, todo arborizado e gramado em sua extensão.
Deveriam ter planejado as edificações ao redor do riacho, com residências, comércios e áreas de lazer. Se tivessem feito isso, a cidade seria outra. Tudo em volta do riacho ou lago seria extraordinário, atraente e valorizado. Mas, tudo tem seu tempo. Quem sabe um novo destino esteja sendo pensado para o pequeno riacho, e ele venha a ser admirado novamente.
Os atuais moradores das áreas ao redor seriam transferidos para outros locais planejados, com moradias e condições de vida dignas. Não há promessas, mas é o que esperamos que aconteça.
ARMELINDO GASQUE
outubro de 2024
Goioere-Pr