Pesquisa feita pela Associação das Escolas Particulares da Educação Infantil (Assepei) revela que 40% das matrículas em Curitiba já foram canceladas durante a pandemia de Covid-19. Os motivos são a crise financeira e a não obrigatoriedade de crianças entre 0 e 3 anos estarem matriculadas na escola “E mesmo quem está matriculado ainda não está com pagamento em dia ou pediu desconto, porque não consegue pagar. É uma crise sem precedentes e que até o fim do ano deve piorar ainda mais!”, diz o diretor administrativo da Assepei, Everton Renaud, em entrevista o Bem Paraná.
Na mesma sondagem, 40% dos proprietários de escolas de educação infantil dizem que correm o risco de fechar as portas e 60% deles afirmam que já tiveram que demitir funcionários. “A nossa estimativa é que 500 colaboradores já foram demitidos e se ficarmos mais tempo sem aulas, mais serão demitidos”, diz Renaud. Ele explica que por serem pequenas, as escolas de educação infantil tendem a ter menor reserva financeira e isso faz com que não consigam ter fôlego para enfrentar tanto tempo sem aula. “Nós somos menores, temos menos alunos. Muitos proprietários já estão com empréstimos, outros venderam patrimônio para conseguir manter as despesas neste período”, diz ele. “Teríamos como criar uma estrutura segura para as crianças para um retorno, mas não somos ouvidos pelas autoridades. Não podemos nem propor um protocolo ou mostrarmos o que podemos fazer. Nos preocupa as crianças nestes 120 dias sem cuidados especiais, sem estímulos. Porque os pais que trabalham acabam tendo que deixá-las com vizinhas, parentes sem condições não ideais e sem manter o isolamento ideal”, alega Renaud.
Outra preocupação da Assepei é que quando a pandemia acabar, com escolas falidas e outras com estruturas prejudicadas, faltem vagas, o preço da mensalidade suba e as escolas não possam oferecer a estrutura que tinham anteriormente à pandemia: “Teremos menos educadores, ,menos estrutura. Teremos que reconstruir tudo praticamente zero e de novo as crianças é que serão prejudicadas”, alega Renaud.
A Assepei reúne 65 escolas de educação infantil de Curitiba e região e essas instituições atendiam antes da pandemia cerca de 5 mil famílias. A associação está filiada ao Sinepe, sindicato das instituições particulares de ensino do Paraná, que faz parte da comissão que analisa o protocolo de retorno às aulas junto à Secretaria de Estado de Educação (Seed).
Protocolo de retorno às aulas será apresentada à Sesa até o fim desta semana
A diretora de Planejamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Adriana Kampa, apresentou, na semana passada, em reunião remota da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná algumas medidas da base de protocolo estadual para a reabertura das escolas que deve servir tanto para os colégios públicos quanto particulares. As medidas ainda dependem da aprovação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o retorno às aulas ainda não tem data definida. Entre as medidas citadas por Adriana, estão o ensino híbrido, com 50% de aulas remotas e 50% com aulas presenciais com a opção de online para quem preferir, sendo 15 dias de aulas presenciais e 15 dias de aulas remotas, além do limite de ocupação de 30% da capacidade da sala de aula. O protocolo ainda prevê a aferição da temperatura pelo menos duas vezes por período, uso obrigatório de máscaras, que devem ser trocadas a cada duas horas, e distanciamento de dois metros entre as carteiras. A proposta de protocolo deve ser apresentada até o fim da semana à Sesa.
“Não tem como definir quando será a retomada, isso será a Secretaria de Saúde que irá nos indicar, mas já temos que ter a indicação de como será. É uma grande logística que temos que adequar, além da preocupação com a questão pedagógica”, disse. Para garantir as medidas de higiene na rede estadual, está prevista a compra de 200 mil litros de álcool 70%, 200 mil litros de álcool gel, 5,1 milhões de máscaras de tecido e 10 mil termômetros. A diretora também esclareceu para os deputados que será necessária a contratação de professores temporários para substituir os 5.126 professores com mais de 60 anos que seriam afastados por estarem no grupo de risco. Adriana ressaltou que a equipe está trabalhando há cerca de um mês no protocolo de retorno, ouvindo todo o segmento, pautando para que a sociedade faça suas contribuições. “O momento do Paraná é complicado. Isso preocupa a toda a sociedade. Enquanto Estado, essa também é nossa preocupação”, destacou.