O Supremo Tribunal Federal já condenou 101 pessoas por participação nos atos golpistas. Mais de 1,3 mil denúncias foram recebidas pelo STF e ainda serão julgadas.
A Polícia Federal prendeu três suspeitos de financiar e incitar os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Na casa de um outro investigado, a PF encontrou 70 armas.
Um arsenal de guerra apreendido na casa de Frederico Barros Carvalho, no Tocantins: revólveres, fuzis, metralhadoras e espingardas. Ele é CAC, colecionador, atirador e caçador. Como CAC, ele tem direito a ter armas de fogo, mas a polícia ainda não checou a legalidade das que foram apreendidas.
Além das 70 armas, a Polícia Federal apreendeu US$ 110 mil e 26 mil euros – o equivalente a quase R$ 700 mil. A PF cumpriu mandado de busca e apreensão porque Frederico Carvalho é investigado pela suspeita de incitar os atos golpistas. Frederico vai responder em liberdade.
A operação começou nas primeiras horas da manhã em sete estados e no Distrito Federal, onde foram presos os empresários Joveci Xavier de Andrade e Adauto Lúcio Mesquita, sócios da rede Melhor Atacadista.
Em abril de 2023, Joveci foi desmentido durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que investigou o ataque às sedes dos Três Poderes.
Joveci Xavier: Eu não participei.
Deputado distrital Chico Vigilante: De nenhum ato?
Joveci Xavier: De nenhum ato.
Chico Vigilante: Eu vou pedir para exibir uma foto aqui porque a gente tem prova que o senhor participou. Aquele cidadão ali é o senhor, né?
Joveci Xavier: Sim, sou eu.
Chico Vigilante: E o senhor estava lá, né?
Joveci Xavier: É, eu não entendi assim o participar, ir lá. É ir ao QG, eu fui umas três vezes, e não era antidemocrático porque o quartel tinha seus policiais lá, seus soldados controlando o ambiente. Então, eu como empresário, me senti que estava normal. Não imaginava nunca que o desfecho.
O sócio dele, Adauto Lúcio Mesquita, que aparece em um vídeo no acampamento em frente ao quartel general do Exército, também prestou depoimento à CPI.
A Polícia Civil do Distrito Federal começou a investigar os empresários, depois de uma denúncia anônima. No relatório enviado à comissão, ao qual TV Globo tevê acesso, a Polícia Civil informa que eles depositaram R$ 1 mil, cada um, na conta de uma empresa que aluga carros de som.
Já a investigação da PF constatou que os dois forneceram água e alimentos para os golpistas.
Em Campinas, no interior de São Paulo, a Polícia Federal prendeu Diogo Arthur Galvão. Segundo a PF, Diogo fez convocações e participou da invasão no 8 de janeiro.
Outros sete suspeitos passarão a usar tornozeleira eletrônica.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou essa 25ª fase da Operação Lesa Pátria e determinou o bloqueio de bens dos investigados.
O STF – Supremo Tribunal Federal já condenou 101 pessoas por participação nos atos golpistas. A maioria dos réus foi sentenciada pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas variam de 3 a 17 anos de prisão. Mais de 1,3 mil denúncias foram recebidas pelo STF e ainda serão julgadas.
A defesa de Frederico Moraes declarou que ele não financiou manifestações ou acampamentos em frente aos quartéis, nem participou do 8 de janeiro; e que armas foram trazidas legalmente dos Estados Unidos, vistoriadas pela Receita, pelo Exército e pela Polícia Federal.
A Melhor Atacadista e a defesa de Adauto Lúcio Mesquita e Joveci Xavier de Andrade declararam que os empresários agora terão oportunidade de esclarecer todos os fatos; e que Adauto e Joveci reiteram o respeito à democracia, ao Estado de Direito e às instituições.
A defesa de Diogo Arthur Galvão não se manifestou.
Fonte: g1.globo.