Investigações do Ministério Público Estadual do Paraná (MPPR) apontam que presos da Delegacia da Polícia Civil de Guaíra pagavam, entre outros, para usar sinal de wi-fi e fazer festas.
O esquema de corrupção que envolvia policiais e carcereiros havia cinco anos foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que prendeu quatro suspeitos no dia 30 de abril.
Na mesma ação, o delegado Deoclécio Detros (ex-delegado de Goioerê, cuja passagem foi das mais tumultuadas) e o superintendente Hamilton Ravedutti foram afastados das funções. Segundo o MP-PR, servidores cobraram propina para facilitar a vida de detentos, que recebiam telefones celulares, compras e drogas e dormiam sozinhos em celas separadas dos demais.
Atualmente a carceragem, que tem capacidade para 80 presos, abriga cerca de 250.
Câmeras de monitoramento mostram também que presos eram levados até agências bancárias da cidade para fazer saques e transferir dinheiro para o pagamento das regalias.
Em depoimento, pessoas que estiveram presas na carceragem da delegacia contaram como o esquema funcionava. C
Um dos presos de confiança, que recebia tratamento especial na delegacia, era um ex-policial civil condenado a 23 anos de prisão por tráfico internacional de drogas.
Ainda de acordo com o MPPR, o ex-policial era o elo entre os agentes e os outros detentos. Ele tinha acesso livre pela delegacia e ficava em uma cela especial. Os privilégios custaram R$ 50 mil, pagos para o delegado Deoclécio Detros.
“A gente considera tanto o delegado como o superintendente peças-chaves na organização criminosa”, comentou o promotor Tiago Lisboa Mendonça.
Testemunhas disseram também que da porta para fora quem mandava era o delegado, e que da porta para dentro a ordem era dos presos de confiança.
Lavagem de dinheiro. Durante a operação que prendeu e afastou os servidores, a polícia apreendeu armas, munição, drogas, telefones celulares e documentos.
O Gaeco investiga a evolução patrimonial dos agentes. A suspeita é de lavagem de dinheiro, já que, conforme o promotor, o patrimônio que eles acumularam não condiz com o salário que recebem. Os suspeitos respondem ainda por organização criminosa, corrupção passiva e concussão.
Outro lado. A Polícia Civil do Paraná disse que está investigando o caso e que os atos irregulares cometidos por servidores são apurados e punidos. A defesa do superintendente Hamilton Ravedutti informou que ainda está analisando os autos e que por enquanto não vai se manifestar.
Fonte: RPC Cascavel