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Notícias / Goioerê Santa Casa de Goioerê tem dívida de R$ 10 milhões; comissão detalha primeiros 31 dias de intervenção

sexta-feira, 10 outubro de 2025.

Durante reunião realizada na noite de quinta-feira (9), a comissão interventora da Santa Casa de Goioerê apresentou um balanço das ações desenvolvidas nos primeiros 31 dias de intervenção, compreendendo o período de 28 de agosto a 30 de setembro de 2025.

O encontro contou com a presença do prefeito de Goioerê, Pedro Coelho, do prefeito de Quarto Centenário, Akio Abe, do juiz de Direito substituto Renato Augusto Bomfim, do promotor Lucas Inocêncio de Carvalho, do presidente da Câmara Municipal, Joaquim da Ambulância, dos vereadores Mayk Ramalho, Ramalho e Léo da Auto Escola, além dos diretores da Provedoria da Santa Casa (atualmente afastados devido à intervenção), membros da comunidade, advogados que auxiliam a comissão e servidores do hospital. A reunião foi presidida pelo vice-prefeito Adilson Brito, que coordena a comissão interventora.

Prefeito destaca necessidade de união

Em sua fala, o prefeito Pedro Coelho ressaltou que a intervenção foi uma medida necessária para evitar o colapso da instituição. “Chegamos a um ponto em que era preciso unir forças para que a Santa Casa não entrasse em caos total. Essa união é fundamental para reestruturar o hospital e garantir o atendimento à população”, afirmou.

Ele também adiantou que é necessário será a revisão do estatuto da Santa Casa, com o objetivo de permitir a participação de mais lideranças regionais na gestão.

Voto de confiança

O empresário e diretor da Provedoria da Santa Casa, Mauro de Oliveira, elogiou a presença do Judiciário e da sociedade civil na discussão sobre o futuro da instituição. “Pela primeira vez, vejo o envolvimento real da comunidade e do Poder Judiciário para buscar soluções para a Santa Casa. Precisamos dar um voto de confiança à comissão de intervenção, pois a população não pode ficar sem o hospital nem sem a UTI”, disse.

Ele também relatou preocupações com demissões, com o reequilíbrio financeiro e com o pagamento de dívidas, destacando que a diretoria vinha tentando equilibrar um passivo de aproximadamente R$ 12 milhões. “Estou esperançoso de que, com esse trabalho conjunto, vamos encontrar um caminho”, completou.

Falta de união regional preocupa

O prefeito de Quarto Centenário, Akio Abe, lamentou a falta de envolvimento de outros prefeitos da região. “É importante que as cidades que utilizam os serviços da Santa Casa participem desse processo. Precisamos resgatar a união entre os prefeitos e trabalhar juntos pela manutenção da UTI e da Santa Casa”, afirmou.

Judiciário e do Ministério Público defende ação conjunta e transparência

O juiz substituto Renato Augusto Bomfim destacou o papel do Judiciário no acompanhamento do processo e ressaltou a importância de solucionar os problemas da Santa Casa. Ele lembrou que fez questão de comparecer pessoalmente ao hospital, acompanhado do promotor Lucas, para ouvir a equipe e compreender a situação da instituição.

O magistrado explicou a decisão de transformar a ação em um processo estrutural, enfatizando que o Judiciário considera fundamental envolver a sociedade na busca por soluções. Segundo ele, essa medida visa democratizar o processo, permitindo que a população seja ouvida e contribuindo para identificar melhorias necessárias. O juiz destacou ainda que a transparência da comissão de intervenção é o primeiro passo para mobilizar o engajamento da comunidade e fortalecer as ações em prol do hospital.

O promotor Lucas Inocêncio de Carvalho reforçou que o Ministério Público continuará fiscalizando e apoiando a comissão. “O MP vai participar ativamente para contribuir com a recuperação da Santa Casa”, afirmou. Ele também lamentou a falta de diálogo entre os municípios, destacando que o momento exige união e cooperação para somar forças em prol da instituição.

Primeiras ações e resultados

O coordenador da comissão, Adilson Brito, informou que uma das primeiras medidas adotadas foi a contratação de uma médica para o Pronto Atendimento, garantindo atendimento das 7h da manhã à 1h da madrugada. “Nossa missão é reorganizar a Santa Casa e devolvê-la à sociedade com uma gestão eficiente e equilíbrio financeiro”, afirmou.

Brito ressaltou que o trabalho será de longo prazo, mas destacou que, com o apoio da sociedade local e regional, além do suporte do Governo, é possível reorganizar a instituição e assegurar sua sustentabilidade.

Situação financeira

De acordo com o relatório apresentado, a Santa Casa, que possui 72 leitos e atende Goioerê e municípios da região, pagou R$ 1.787.183,53 em despesas no primeiro mês de intervenção.
Os principais gastos foram com folha de pagamento e férias (R$ 485.694,45), honorários médicos (R$ 642.159,56), medicamentos e materiais hospitalares (R$ 253.963,40), vale-refeição (R$ 83.310,24) e piso da enfermagem (R$ 93.472,60).

Até 30 de setembro, a dívida total da instituição era de R$ 10.385.724,13, incluindo impostos em atraso, empréstimos bancários e honorários médicos de anos anteriores. No início da intervenção, a dívida era estimada em cerca de R$ 11 milhões, parte já quitada.

Diagnóstico institucional

O diagnóstico apresentado pela comissão apontou uma série de fragilidades administrativas e operacionais, como:

  • Falta de contratos formais com prestadores de serviço;

  • Baixa credibilidade junto a fornecedores;

  • Atrasos de pagamentos e sobrepreço em alguns exames;

  • Problemas na segurança do paciente, como erros de medicação e ausência de identificação;

  • Sobrecarga no Pronto Atendimento por pacientes de baixa complexidade;

  • Falhas na padronização de medicamentos e falta de fluxo entre setores.

A instituição também responde a 12 ações trabalhistas e 16 processos na Justiça Estadual. Parte dos encargos como INSS, FGTS e IRRF foram descontados dos funcionários, mas não repassados aos órgãos competentes.

Plano de recuperação

A comissão interventora apresentou ainda um plano de 17 ações e metas que serão executadas nos próximos meses, entre elas:

  • Fortalecimento do Núcleo de Segurança do Paciente;

  • Regularização de contratos e transparência financeira;

  • Reestruturação da política de compras e controle de equipamentos;

  • Melhoria das condições de higiene e biossegurança;

  • Redução de desperdícios e implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS);

  • Padronização de medicamentos e revisão de dívidas;

  • Aumento da taxa de ocupação hospitalar para acima de 80%;

  • Captação de novos recursos e atualização do regimento interno.

Segundo a comissão, o objetivo principal é garantir a sustentabilidade financeira e administrativa da Santa Casa, restabelecendo a confiança da comunidade e assegurando funcionamento tanto do Hospital como da UTI.