O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu hoje a possibilidade de aceitar um “lockdown” nacional de 30 dias no Brasil, desde que o convencessem que isso acabaria com a Covid-19. Ele voltou a criticar as medidas de restrição à circulação de pessoas tomadas por governadores e prefeitos, para tentar barrar a disseminação do novo coronavírus, no momento em que o País bate recorde de mortes.
“Eu devo mudar o meu discurso? Eu devo me tornar mais maleável? Devo ceder? Fazer igual a grande maioria tá fazendo? Se me convencerem do contrário, faço, mas não me convenceram ainda. Devemos lutar é contra o vírus e não contra o presidente”, afirmou Bolsonaro.
“Parece que no mundo todo só no Brasil tá morrendo gente. Lamento o número de mortes. Qualquer morte. Não sabemos onde isso vai acabar. Se vai acabar um dia. […] Se ficar em lockdown 30 dias e acabar com o vírus, eu topo, mas sabemos que não vai acabar.”, disse o presidente.
Bolsonaro ainda citou entrevista de um representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o lockdown. Na entrevista, publicada em outubro do ano passado, David Nabarro disse que é preciso encontrar uma forma de retomar a vida social e a atividade econômica sem que isso signifique aumento no número de casos e mortes pela Covid-19.
Na mesma ocasião, ele pede para que líderes globais “parem de usar lockdowns como fonte primária de combate ao vírus” e que os governantes não subestimem a forma com que as medidas de fechamento da economia afetam desproporcionalmente os mais pobres. Na mesma entrevista, Nabarro afirmou que os lockdowns são justificados em momentos de crise, para reorganizar os sistemas de saúde e proteger os profissionais que estão na linha de frente do combate à doença. A ideia desta prática é “achatar a curva” de contágio, evitar a superlotação de hospitais e, depois, permitir a reabertura das economias.
“Me chamam de negacionista ou de ter um discurso agressivo. Respeite a ciência. (O lockdown) não deu certo. Não estou afrontando ninguém. Estou seguindo a OMS. Não podemos transformar os pobres em mais pobres”, afirmou Bolsonaro.
Fonte: Bem Paraná.