O secretário Estadual de Saúde do Paraná, Beto Preto, participou de uma reunião com autoridades em saúde e prefeitos da região na tarde desta quarta-feira (15) na Casa da Cultura de Campo Mourão. Na ocasião, ele alertou que está começando a existir uma transmissão comunitária ‘mais rápida’ de Coronavírus (Covid-19) na cidade. A transmissão comunitária, também conhecida como sustentada, é caracterizada no momento em que não é mais possível identificar a origem da contaminação de uma pessoa na cidade. Os deputados estaduais Douglas Fabrício e Marcio Nunes participaram da reunião.
Segundo Beto Preto, o Estado tem uma “Rede Sentinela” de coletas de exames, 53 pontos no total, que colhem exames de maneira aleatória para vírus do trato respiratório. Segundo ele, faz cinco semanas que foram inclusos os testes de Coronavírus. São cerca de 250 exames por semana coletados, somando mais de 1 mil exames neste período.
“Destes testes realizados o único caso de Coronavírus que apareceu em todo o Paraná foi nesta semana em um paciente de Campo Mourão. Quer dizer que está começando a existir uma transmissão comunitária mais rápida aqui. Por isso a necessidade de tomar decisões urgentes”, alertou.
O secretário reforçou à administração municipal que continue com o isolamento social. Segundo ele, Campo Mourão é um dos municípios que mais chama atenção do Estado pela grande quantidade de casos de Coronavírus (28 confirmações e quatro óbitos). “O prefeito está fazendo tudo certo”, ressaltou, ao orientar à prefeitura para que não libere o funcionamento indiscriminado do comércio no município.
“Se houver um acordo, que defina o que vai abrir, mexendo nos horários de funcionamento para não bater com horário de pico e principalmente respeitar a quantidade de pessoas dentro dos estabelecimentos comerciais. Devem ser deixados de fora [não funcionar] atividades de bares, entres outras que possam ir pela madrugada”, falou ao lembrar que o uso de máscaras é fundamental em ambientes públicos e nas ruas. “Dentro disso tudo que a gente puder insistir no isolamento domiciliar neste momento vamos colher os resultados ali na frente”, frisou.
“Se mantermos o isolamento social na casa de 70% vamos diminuiremos o número de casos. Se não conseguirmos fazer isso e bater na casa dos 40 a 50% daqui a pouco vamos ter mais óbitos em Campo Mourão e não adianta a Santa Casa ter todos equipamento, não adianta ter médico, não adianta ter cloroquina, que não vai resolver a situação”, alertou ao lembrar que o vírus é letal e agressivo e não tem vacina nem tratamento ainda. “Uma grande quantidade de pessoas vai ser portadora do vírus sem ter nenhum sintoma”, diz.
NÚMEROS. Segundo o secretário, nos próximos dias o Paraná vai chegar a 1,1 mil novos leitos de UTI para atender o Covid-19, quase o dobro do que tinha à disposição. Beto Preto informou que o Estado recebeu 52 mil testes rápidos de Covid-19 pelo Ministério da Saúde que estão sendo enviados aos municípios de acordo com a quantidade populacional. Estão sendo testados no momento apenas profissionais da saúde e do setor de segurança.
Referente à Santa Casa de Campo Mourão, ele disse que a estrutura é ‘robusta’ e preparada para atender a região. O hospital passará a ter 15 leitos de UTI para tratamento exclusivo de pacientes com Coronavírus. “Tivemos, não sei se por uma fatalidade ou escolha do destino, um número de casos maior inicialmente no processo todo, inclusive com os óbitos”, lamentou.
O secretário faz duas análises sobre a situação: “Campo Mourão está com mais casos confirmados porque fizemos mais buscas ou porque houve realmente aqui um acúmulo de casos porque temos uma região de atração. Campo Mourão tem muitas idas e vindas, tem uma grande empresa nacional (citou a Coamo), temos passagens de caminhões, e situações diferenciadas inclusive com viagens internacionais no início. Tudo isso pode ser provocador destes primeiros contatos. Fato é que nós hoje temos aqui uma incidência maior de transmissão”, explicou ao lembrar que o período mais agressivo da doença será a partir de meados de maio.
ESTATÍSTICAS. Hoje o Paraná tem 816 casos confirmados de Coronavírus e 41 óbitos, sendo que 49 casos são da região de Campo Mourão, com 6 mortes, o equivalente a 5% dos casos em todo o Estado. Segundo o secretário, o coeficiente de mortalidade (número de óbitos dividido pela população em 1 milhão de habitantes) na regional de Campo Mourão, que é 18, está muito acima da média nacional, de 7,2. No Paraná o coeficiente está em 3 mortes para cada 1 milhão de habitantes. “Está muito acima da média brasileira. É aqui [em Campo Mourão] que está o nosso problema”, falou Beto Preto. Em relação à taxa de letalidade, no Brasil é de 6,1%; Paraná 4,8% e na regional de Campo Mourão 15,7%.
Ainda segundo o secretário, o coeficiente de incidência por 1 milhão de habitantes de casos confirmados no município é de 115 para 1 milhão de habitantes, enquanto no Brasil é de 119 e no Paraná, 70 casos para 1 milhão de pessoas. Ou seja, a taxa em Campo Mourão está muito acima a do Paraná e quase empatada com a média brasileira. (Walter Pereira/Tribuna do Interior).
