A madrugada deste sábado (22) foi marcada por um episódio considerado decisivo para a decretação da prisão preventiva de Jair Bolsonaro. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente tentou violar a tornozeleira eletrônica que utilizava desde agosto, em regime de prisão domiciliar.
O alerta partiu do Centro de Integração de Monitoração Eletrônica do Distrito Federal, que informou ao Supremo Tribunal Federal uma “violação do equipamento de monitoramento” exatamente às 0h08 de sábado. Para Moraes, não restou dúvida sobre a intenção do ex-presidente: “A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho.”
A referência é à vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chamou apoiadores para se reunirem em frente ao condomínio onde o pai cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto. Para a Polícia Federal, a movimentação poderia criar um ambiente de risco, com tensão, aglomeração e possibilidade de confrontos — além de dificultar o cumprimento das medidas judiciais.
Na decisão, Moraes também ressalta que a convocação de apoiadores repete um “modus operandi” já observado anteriormente: a criação de tumultos como forma de pressionar instituições e atrasar ações legais.
A PF avaliou ainda que Bolsonaro poderia tentar buscar abrigo em alguma das embaixadas localizadas próximas à sua residência em Brasília, hipótese considerada real diante do histórico de tentativas de evasão já observadas em aliados próximos.
Outro fator determinante para a prisão foi a condenação de 27 anos e 3 meses imposta ao ex-presidente por liderar a trama golpista que buscava mantê-lo no poder após a derrota eleitoral de 2022. Para o ministro, a proximidade do início do cumprimento da pena aumenta significativamente o risco de fuga.
Logo nas primeiras horas da manhã, Bolsonaro foi retirado de casa por um comboio da Polícia Federal, que chegou à sede da corporação em Brasília por volta das 6h35. Após passar por procedimentos formais, ele foi encaminhado à Superintendência da PF, onde permanecerá em uma sala destinada a autoridades com prerrogativa, como ex-presidentes.



















