Os sete gatos e o cachorro que vivem nas obras do novo terminal rodoviário de Umuarama são os binóculos da cidade no projeto que tem cara e jeito de interminável, mas que em novembro deste ano será liberado em definitivo para uso da população. A conquista colocará fim ao entra e sai de ônibus no grande sol laranja que há mais de 40 anos serve como entreposto da viação intermunicipal no centro da Capital da Amizade.
A nova rodoviária e a velha estão separadas por uma linha reta (Avenida Paraná) de 5,7 quilômetros, mas a distância parece secular diante das transformações da engenharia. A nova tem jeitão de terminal de aeroporto, jardim interno, boxes comerciais e uma estrutura física que lembra um shopping center; a antiga, na Praça da Bíblia, ao lado do camelódromo, é ponto de encontro do comércio improvisado, de espaços vazados que permitem a ocupação de moradores de rua e parece deslocada diante da pujança do município.
A transformação é fruto de um investimento de R$ 9,7 milhões do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas. “Estamos revitalizando diversos espaços municipais e essa rodoviária é uma das obras que deixaremos como legado para a população. Esse projeto tramita há muitos anos e parece distante no imaginário municipal, mas está saindo do papel”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Umuarama cresce em ritmo acelerado, é um polo estudantil, e esse novo terminal é um marco do nascimento de um novo bairro”.
João Carlos Ortega, secretário de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, explica que a construção é uma soma de diversos fatores positivos, como o desenvolvimento sustentável do município, fim dos gargalos urbanos e possibilidade de incrementar o turismo. A nova rodoviária e o novo aeroporto Orlando de Carvalho serão entregues praticamente na mesma época para a cidade.
“Estamos tirando o trânsito pesado de ônibus do Centro e desenvolvendo ainda mais uma região que já conta com um shopping, um novo atacadão, o Hospital Uopeccan e um câmpus (Hospital Veterinário) da Unipar”, afirma Ortega. “Além disso, a nova rodoviária é uma possibilidade de ampliar as conexões turísticas, as ligações com as praias de água doce do Noroeste e facilita o acesso diário de milhares de estudantes e profissionais que são atraídos pelas condições de estudo de Umuarama”.
RODOVIÁRIA – A nova rodoviária tem 7,8 mil metros quadrados e fica na Estrada Bonfim, perto das conexões com a PR-482 (ligação com Loanda), PR-487 (em direção a Ivaté ou Campo Mourão) e PR-323 (corredor comercial e turístico entre o município e Cianorte e Maringá). A apenas uma quadra de distância está sendo construído o shopping Palladium Umuarama, com previsão de entrega ainda neste semestre.
Ela tem dois pisos. O térreo é a área de acesso das pessoas e dos veículos. O primeiro diferencial é o cartão de visitas da entrada: duas escadas rolantes. Do lado direito serão 13 boxes comerciais e a ala administrativa; e do lado esquerdo oito guichês para as empresas, guarda-volumes, posto da Polícia Militar, do Juizado de Menores, da Assistência Social da Prefeitura, sala de som e almoxarifado.
O térreo ainda conta com banheiros em mármore, banheiro para deficientes e dois jardins internos vazados com o piso superior, divididos por mais dois boxes comerciais onde provavelmente serão instaladas uma farmácia e um posto médico. Os fundos do primeiro piso contam com amplo espaço de depósito, quadro geral, área de manutenção e vestiário para os funcionários.
O acesso ao piso superior também pode ser feito com elevadores ou por escadas normais ao lado das rolantes. Do lado direito do segundo piso estão os oito portões de embarque e do lado esquerdo os oito de desembarque. Aos fundos há novos banheiros, fraldário, uma área de alimentação e um gerador de energia.
Esse espaço será pulverizado com longarinas para espera e conta com uma tecnologia de climatização individual (não há controle central de ar-condicionado), o que agiliza o atendimento em caso de alguma pane elétrica.
O fluxo de entrada e saída dos ônibus vai acontecer pela rua diretamente paralela à Estrada Bonfim. O pátio de manobras foi pavimentado, restando apenas o acabamento dos muros que cercarão esse acesso. Toda a estrutura da nova rodoviária de Umuarama é metálica, incluindo as telhas, e as portas dos portões serão automatizadas.
SEM IMBRÓGLIOS – A previsão de término da obra é em novembro de 2020, 77 meses depois da primeira licitação, em 13 de junho de 2014. O primeiro certame não teve interessados e uma segunda rodada, em 04 de setembro de 2014, resultou em uma construtora vencedora. O valor do contrato, assinado em 03 de outubro daquele ano, era de R$ 16.675.881,16.
Esse primeiro contrato foi rescindido após a realização da 30ª medição, em 18 de dezembro de 2017, por diversos problemas de execução. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, 39,16% da obra tinha sido realizada até então. A segunda licitação foi aberta em 22 de agosto de 2018 e a obra foi reiniciada em outubro daquele ano. Além da conclusão, o desafio envolveu revisão de drenagem, de algumas estruturas já montadas e as pavimentações.
Já houve execução de 67,02%, restando ainda o acabamento. As obras seguem num ritmo de dez funcionários e dos terceirizados. Eles trabalham na pintura (cinza e amarelo), arborização, aplicação do esmalte antiferrugem nas estruturas metálicas e instalação de elevadores, vidros, forro e piso.
“Esse projeto salda uma dívida histórica do Governo do Estado com o Noroeste. É uma região turística e que atrai moradores de um raio de trinta municípios, além de ser a cidade populosa mais distante da Capital”, acrescenta Márcio Nunes, secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e Turismo. “Esse contrato teve problemas, mas a conquista é imensurável para Umuarama. Estamos perto da concretização desse sonho”.
TRANSFORMAÇÃO – Umuarama é uma cidade de quase 120 mil habitantes e que cresce 240 mil metros por ano de construção civil, ou cerca de mil metros por dia útil, o equivalente a vinte casas populares. Ela atrai de 150 a 200 ônibus todos os dias dos estudantes e dos professores que moram em outros municípios.
“É uma obra bastante emblemática para o município. Precisávamos dar mais conforto para esse sistema intermunicipal porque a rodoviária antiga tem mais de 40 anos, já fugiu da realidade do município. A ideia foi tirar ela do centro, evitar esse fluxo pesado de ônibus e gerar desenvolvimento”, resume Ortega.
Segundo a Prefeitura, já há um anteprojeto para transformar o antigo terminal e uma rodoviária urbana ou, no máximo, metropolitano. A Praça da Bíblia será remodelada e o camelódromo deve ganhar novo espaço em outro lugar.
Box
Novas rodoviárias em diversas regiões contam com apoio do Estado
Além da rodoviária de Umuarama, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas investe no novo terminal de Toledo (R$ 1,8 milhão) e no de Francisco Beltrão (R$ 10,4 milhões), também a fundo perdido. De 2019 até julho deste ano foram liberados, ainda, R$ 2,5 milhões para reformas nos terminais interurbanos de Campo Largo, Jaguapitã, Guaraniaçu, Mamborê, Sengés, Turvo e Floresta.
“Temos incentivado os municípios a se modernizarem. O Estado é parceiro em projetos que melhorem a vida urbana e a integração regional. Os novos terminais rodoviários são exemplos desse olhar para o conforto e para a necessidade de estabelecer novas conexões aos paranaenses”, explica o secretário de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, João Carlos Ortega.
Em Toledo os recursos envolvem a reforma do Terminal Rodoviário Alcido Leonardi, com área de 2,4 mil metros quadrados, e a construção de uma guarita e um ponto de táxi. A estrutura foi construída em 1985 e passou por reformas apenas uma vez nesse período. A obra inclui pintura, troca de esquadrias metálicas e revestimentos, revisão na parte elétrica, instalação de piso tátil, elevador, cercamento, recapeamento asfáltico, construção de um novo ponto de táxi e reforma dos banheiros.
A nova rodoviária de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, tem 6,3 mil metros de área construída, doze pistas para entrada e saída de ônibus, jardim interno, espaço para 16 guichês, oito salas comerciais, restaurantes e pé direito com 10,5 metros de altura. O terminal foi erguido no bairro Água Branca, perto da PR-483 (saída para Cascavel), da PR-180 (conexão com Marmeleiro e Pato Branco) e do Contorno Norte, alça de ligação com as saídas para Coronel Vivida (PR-566) e Verê (PR-475). Ele vai substituir a estrutura antiga localizada no Centro e que ainda exige integração dos ônibus ao movimento cotidiano do município de quase 100 mil habitantes.
Há, ainda, um investimento de R$ 338 mil planejado para a rodoviária de Guaratuba, no Litoral. As obras serão realizadas no estacionamento dos ônibus, de veículos, embarque, lojas e atendimento.