Investigado pela Polícia Civil por negligência e erro médico, o cirurgião João Couto Neto é um profissional reconhecido de Novo Hamburgo, cidade do Rio Grande do Sul com cerca de 250 mil habitantes.
Ativo nas redes sociais, ele costumava promover seu trabalho e era inclusive muito elogiado em comentários e avaliações.
Para o delegado Tarcísio Lobato Kaltbach, o médico causou diversas mortes de pacientes, resultado de “intervenções desastrosas com requintes de crueldade e desumanidade no tratamento pós-cirúrgico dos pacientes com descaso total quanto à saúde”.
O profissional é acusado por pacientes de ter provocado ferimentos graves em órgãos do corpo, em geral no intestino. A Polícia Civil recebeu um total de 73 casos, sendo 18 com morte.
Diferentes versões
João Couto Neto é formado em medicina e especialista em Cirurgia Geral e Aparelho Digestivo. Ele afirmava que fazia operações desde 2000. João Couto Neto é presidente da Sociedade Médica do Hospital Regina, mesma unidade de saúde onde ocorreram os procedimentos investigados.
Desde que as denúncias contra o médico foram publicadas na imprensa, pipocam nas redes sociais relatos de ex-pacientes insatisfeitos com a conduta do médico, mas também há os que defendem o profissional e dizem que tiveram um bom resultado ao realizar procedimentos com ele.
Ações beneficentes
O médico também usava as redes sociais para mostrar ações caridosas e beneficentes. Em 2019, o cirurgião ajudou a dar uma operação gratuita para um jovem de 18 anos que sonhava em servir o Exército, mas tinha hérnia hiatal deslizante. O profissional também ajudava a organizar entregas de cestas básicas.
Em uma publicação, ele afirmou ter feito a primeira cirurgia 3D no Vale dos Sinos. A operação aconteceu no dia 11 de abril de 2018 para a retirada de um cálculo gigante de 6 centímetros.
João Couto é um profissional conhecido na cidade. Em 2015, por exemplo, ele apareceu na coluna social do veículo de imprensa local Jornal NH.
O médico ainda usa as redes sociais para mostrar seu hobby. Ele é praticante de “off road”, atividade esportiva realizada com veículos em estradas sem pavimentação e de difícil acesso.
Última publicação
No dia 12 de dezembro, data em que o Judiciário determinou a proibição de João Couto exercer sua profissão por seis meses, o médico fez uma publicação nas redes sociais sobre seus anos de experiência.
“Atuar como médico é sempre um grande desafio. Temos plena consciência e certeza de praticar a medicina para a melhor saúde dos pacientes”, escreveu o cirurgião.
“E com esta responsabilidade e maturidade, nos sentimos confortáveis em afirmar que realizamos mais de 20 mil cirurgias e procedimentos durante os últimos 19 anos, cumprindo os mais elevados preceitos médicos, honrando esta profissão que é a melhor tradução de minha vida”, escreveu ainda o médico.
A reportagem tenta localizar a defesa de João Couto e entrou em contato com o número informado por ele em suas redes sociais.