Nesta segunda-feira uma história protaqonizada pela comunidade da cidade, capitaneada por líderes locais e da região, está completando 29 anos: a criação do Câmpus Regional de Goioerê (CRG) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Como motivo desta mobilização iniciada no início dos anos de 1980 estava o argumento de que a região comportava a criação de cursos de nível superior, evitando que os jovens do município precisassem se deslocar para centros urbanos como Umuarama e Campo Mourão.
Assim nasceu o CRG em 10 de agosto de 1991, cravado na cidade do mesmo nome, com quase 30 mil habitantes, a 140 quilômetros de Maringá. Na administração da Universidade estavam o reitor Décio Sperandio e o vice Luiz Antonio de Souza. O município recebeu esta nomenclatura porque as primeiras fazendas de café se estabeleceram às margens do Rio Goioerê, nome derivado da língua indígena caingangue, cujo significado seria campo da água.
A chegada do CRG naquela região foi o desfecho de uma tendência iniciada cinco anos antes, em 1986, na gestão do reitor Fernando Ponte de Souza e do vice, Manoel Jacó Garcia Gimenes, quando a UEM começava a criar e implantar os primeiros câmpus regionais, dando mostras de sua abrangência regional.
Junto com líderes da comunidade de Goioerê, Jacó Gimenes foi um dos principais articuladores para o surgimento do Câmpus, tendo participado do planejamento e da idealização do CRG. Ao lado deles, o ex prefeito Fuad Kffuri também se notabilizou pelo empenho em levar um câmpus da UEM ao município.
Surgiram primeiro os cursos de Engenharia Têxtil e Licenciatura Plena em Ciências (em 2017, passou a se chamar Licenciatura em Ciências Naturais). A cidade se destacava no cenário nacional como maior produtor de algodão do Brasil e também pela instalação de diversas empresas de confecção, fiação de algodão e malharias, que fortaleciam o setor têxtil no município.
A instalação da graduação em Engenharia Têxtil representou um grande desafio, porque havia apenas um curso desta natureza no país, oferecido pela Fundação Educacional Inaciana (FEI), em São Bernardo do Campo, na região do ABC, em São Paulo.
A Licenciatura Plena em Ciências atendia à demanda na região para a formação de professores na área. E foi também o primeiro curso do ramo no Brasil e o projeto pedagógico foi acompanhado pelo educador Paulo Freire.
Estas duas graduações começaram em 1992 e Paulo Freire foi convidado para a aula magna, ministrada na Câmara Municipal de Goioerê, com a presença de profissionais da educação, autoridades locais e alunos universitários de diversos cursos.
Vale dizer que os dois primeiros cursos surgiram por meio de um convênio envolvendo a Universidade Estadual de Maringá e um consórcio intermunicipal formado pelos municípios de Goioerê, Janiópolis, Moreira Sales, Juranda, Mariluz, Boa Esperança e Rancho Alegre.
A necessidade de expansão da oferta de cursos no CRG se transformou em realidade em 2011, quando foram criados mais duas graduações presenciais: Licenciatura em Física e Engenharia de Produção.
Hoje, o Câmpus Regional conta ainda com o novo projeto do curso de Física Médica, com início previsto para 2021. As graduações estão concentradas nos departamentos de Engenharia Têxtil e de Ciências. Outra conquista de grande impacto foi a implementação do Programa de Mestrado Profissional no Ensino de Ciências Ambientais.
Na modalidade de Educação à Distância, mantêm os cursos de graduação em Pedagogia, Licenciatura em Ciências Biológicas e História, os dois últimos por meio da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com sede em Guarapuava, além do curso de Letras – Português e Espanhol por intermédio da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
A oferta nesta modalidade se ampliou e a comunidade conta também com os cursos EAD de Administração Pública e Licenciatura em Biologia, ambos oferecidos pela UEM. Por sinal, o CRG é considerado um importante polo de educação a distância, proporcionando à centenas de pessoas a possibilidade de cursarem o ensino superior gratuitamente e com qualidade.
Outro desafio da época foi a contratação de servidores. A atribuição de manter o quadro de funcionários ficava, no começo, a cargo da prefeitura da cidade. Somente em 1996 começaram a chegar os primeiros servidores do quadro técnico e operacional, o que deu início à consolidação efetiva do Câmpus.
Para o diretor do CRG, Gilson dos Santos Croscato, o Câmpus Regional de Goioerê tem dado uma contribuição imensa em toda microrregião ao longo de seus 29 anos de existência.
Ele cita o papel fundamental na formação de professores, de forma a ter ajudado na melhoria do ensino em toda área do Núcleo de Regional Educação de Goioerê.
Também na área da educação, menciona o programa de pós-graduação como oportunidade de capacitação para os docentes da rede de educação.
Falando da extensão, Croscato afirma que os projetos têm levado o despertar da Ciência “nas nossas crianças e adolescentes, que se encantam com visitas e experimentos apresentados”.
O diretor entende que a área de Engenharia colabora com o desenvolvimento de Goioerê e região. “Temos ex-alunos que são empresários do setor têxtil e também atuam no segmento industrial, colaborando com o desenvolvimento desta área”, descreve ele, além de apontar que a Empresa Junior dos alunos de Engenharia de Produção interage com empresas locais, contribuindo no seu desenvolvimento.
Da 1ª turma. No ano passado, em depoimento ao jornal online “Nossa UEM”, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Universidade, o ex-aluno José Celso de Oliveira, da primeira turma de Engenharia Têxtil, disse ter conhecido bem os desafios daquela fase, atentando para o quanto era difícil não poder contar com a presença de professores e coordenadores no dia a dia do CRG.
Oliveira se formou e seguiu para o mercado de trabalho em São Paulo e Santa Catarina. Em 2001 retornou ao Câmpus Regional de Goioerê como professor do Departamento de Engenharia Têxtil. Hoje, com o título de mestre e doutor na área de Engenharia Química, ele é coordenador do curso de Engenharia de Produção.
O próprio diretor do Câmpus, Gilson Croscato, também é “prata da casa”. Ingressou na terceira turma de Engenharia Têxtil e pôde acompanhar de perto todo o desenvolvimento e as dificuldades iniciais.
De acordo com ele, a criatividade e competência dos professores foram importantes para a consolidação do CRG. “Estávamos bem alicerçados, com um corpo docente muito bem qualificado, e isso foi essencial para a construção do que temos hoje”, comenta.
Croscato foi ainda Técnico de Laboratório de 1997 à 2001, quando se afastou da Universidade e foi exercer a carreira como engenheiro têxtil no setor privado em Maringá.
Em 2009, voltou a Goioerê como docente, se capacitou com mestrado e doutorado na pós-graduação em Engenharia Química oferecida pela UEM e, em 2014, foi convidado a assumir a direção do Câmpus, cargo que ocupa até hoje.
Adaptação ao “novo normal”
No início da pandemia, o CRG se mobilizou em algumas vertentes. O departamento de Engenharia Têxtil apresentou o projeto de extensão na confecção de máscaras para atender a comunidade regional, resultando na confecção de mais de 5 mil peças, tendo na coordenação a professora Elaine Maia.
Foram distribuídos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) em hospitais e para comunidade carente local. Neste período de pandemia, também foram realizadas lives de orientação e formação, conduzidas pelos professores do DET e do Departamento de Ciências, que promoveu trabalho de mobilização, por meio de informações e da disponibilização de materiais para projetos (tecidos para máscaras).
Novos desafios
As atividades do projeto de extensão no CRG são desenvolvidas no Laboratório de Engenharia Têxtil e executadas por docentes, alunos e voluntários.
Com seus 29 anos, o Câmpus Regional de Goioerê é um importante instrumento para o desenvolvimento regional. A infraestrutura local melhorou muito nos últimos anos, após as obras de pavimentação asfáltica, instalação de novos laboratórios, climatização de vários ambientes e a chegada de equipamentos para pesquisas avançadas.
“O CRG está preparado para novos desafios, sabemos de sua importância para o desenvolvimento estratégico de Goioerê e região e contamos com a sociedade para apoiar os projetos da Universidade”, diz o diretor Gilson Croscato. (ASC/UEM)
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