A ministra Damares Alves, da Família, Mulher e Direitos Humanos, e o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, anunciaram a criação de um aplicativo voltado para crianças e adolescentes denunciarem casos de violência.
O aplicativo, elaborado em parceria com a Unicef e outras entidades, quer ajudar as próprias vítimas a denunciarem agressores, abusadores, estupradores e também ser um canal de informação para esse público.
“Adaptamos a linguagem, será um aplicativo com materiais lúdicos, histórias e depois a criança ou o adolescente será conduzido para um atendimento especializado. As próprias crianças e adolescentes farão as denúncias. Algumas crianças e adolescentes poderão ser salvas com esse aplicativo”, disse Maurício Cunha.
A Unicef confirmou o lançamento do app, mas disse que a ferramenta está em fase final de ajustes e, por isso, não poderia passar mais detalhes e nem a data que estará no ar.
O Governo Federal informou que o lançamento será no dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
O anúncio foi feito em Cianorte, no noroeste do Paraná, durante uma reunião realizada a pedido da ministra para tratar do caso Cristofer, que morreu em março após ser violentamente agredido. Segundo a Polícia Civil, o autor do crime foi o padrasto do menino de 3 anos. O homem está preso.
“Quero pedir perdão a família do Cristofer. Preciso aqui fazer a minha mea-culpa, temos que avançar como Governo Federal, vim reconhecer que estamos longe do ideal. Mas, posso pedir que o menino Cristofer não seja esquecido, vamos fazer um pacto, um tratado para reduzir esses casos”, afirmou emocionada.
“Onde estava o poder público, onde falhamos como poder público que não conseguimos salvar esse menino? Vim aqui chorar, assumir a responsabilidade sobre a morte do menino. O Disque 100 não funcionou? Ninguém teve coragem de denunciar antes? Onde falhamos como sociedade? É dever do estado, da família e da sociedade de proteger as crianças. Onde todos nós falhamos?”, desabafou a ministra.
Para a ministra, a redução de casos de violência contra crianças e adolescentes só vai ocorrer com uma legislação mais severa e quando delegacias e equipamentos de proteção às vítimas de violência tiverem estrutura e tecnologia para atender e investigar os casos.
“Dá uma sensação que estamos enxugando gelo. Vim aqui por causa dessa equipe de policiais de Cianorte. O perito me disse que tirou dinheiro do próprio bolso para fazer parte da perícia desse caso, a agente [única escrivã da delegacia da Mulher de Cianorte] disse que sentava no chão da delegacia porque não tinha cadeira e nem computador. O delegado responsável pelo caso atende onze cidades. Como que trabalha acumulando onze cidades?”, disse Damares Alves.
“Pais, leiam os sinais que os filhos estão mandando. Fui estuprada aos seis anos, mas nem os meus pais, escola ou a igreja viram os sinais que mandei. O ciclo de violência se manteve por dois anos. Então peço que prestem mais atenção nos seus filhos, as crianças não mentem. Até quando vamos ter que conviver com isso?”, declarou Damares Alves. (G1)
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